O que achei do documentário Pra sempre Paquitas (2024)?

 







Por Calil Neto 

13 de dezembro de 2024 

Documentário Pra Sempre Paquitas (2024) no Blog do Calil Neto. Já conferi o documentário sobre a vida de Xuxa Meneghel, Xuxa, o Documentário (2023) e o Um Beijo do Gordo (2024) sobre a vida de Jô Soares. Agora foi a vez de ver Paquistas para Sempre (2024) sobre as eternas e marcantes companheiras de palco da nossa eterna rainha dos baixinhos, Xuxa Meneghel, as paquitas, em um reencontro em Pra sempre Paquitas (2024), também no Globoplay. O Xuxa, o documentário (2023) usei como texto base do CelebrityBiografias – Edição 11 do Blog do Calil Neto. Vale a pena frisar que na época, praticamente nas décadas de 80 e 90, quase todas as garotas queriam se tornar uma paquita. Onde elas chegavam, causavam tumulto e tivemos diversas gerações de paquitas. Vale lembrar sempre dos atritos de Xuxa Meneghel com a chefe linha dura e empresária Marlene Mattos que é mencionada também no documentário Xuxa, o Documentário (2023). Pra sempre Paquitas (2024) justifica o posicionamento de Marlene tamanha dimensão do sucesso televisivo ( com shows também e envolvimento com música) que Xuxa Meneghel se tornou. As meninas falavam da pressão de Marlene Mattos para serem uma ótima paquita. O documentário com cinco episódios foi criado por Ana Paula Guimarães e Tatiana Maranhão. Roteiro de Paulo Mario Martins, direção de arte de Lueli Nunes, direção de fotografia de João tristão, edição final de Daniel Maia, produção de Anelise Franco, direção Ivo Filho e direção artística de Ana Paula Guimarães. Acredito que o documentário foi uma forma de reconciliação das ex-paquitas com Xuxa e Xuxa com as ex-paquitas. Xuxa estreou como apresentadora infantil em 1983, no Clube da Criança, na TV Manchete. No começo de sua carreira, Xuxa não tinha paquitas. Andrea Veiga foi sua primeira paquita. Marlene Mattos era assistente de Maurício Sherman, falecido em 2019. Xuxa tinha ao seu lado um fantoche de papagaio que se chamava paquito. O papagaio se apaixonou por Andrea Veiga e daí veio a origem do termo para as garotas assistentes de palco, as paquitas. O intuito da primeira paquita era organizar o pequeno caos das crianças que era o programa Xou da Xuxa. Heloisa Morgado foi a segunda paquita do programa. Boas lembranças, boas recordações de Andrea Veiga na época de paquita, quando dentro de um dos estúdios, onde o programa foi gravado.

O programa do Xou da Xuxa estreou na TV Globo em 1986. Quando Xuxa e a equipe foram para a Globo, a infraestrutura era superior a da Manchete e o programa necessitaria de mais meninas no palco. Andrea Sorvetão foi outra paquita, teve a Luise Wischenmann ( a Pituxa). A mãe de Xuxa era figurinista e criou os figurinos das paquitas.Tem a Ana Paula Guimarães ( a Catuxa) que foi a quarta paquita. Tem um “causo interessante” que foi quando Luciana Vendramini fez o teste de paquita e não passou no teste. Luciana nunca foi paquita, mas usou a oportunidade do teste para sair na capa da extinta revista Playboy, usando uma roupa de paquita. E este caso mexeu com a imagem das paquitas que passaram a serem vistas de uma forma mais sensualizada. Luciana Vendramini não quis conceder uma entrevista ao documentário.

Tinha o show das mães corujas do Xou da Xuxa e meninos que escreviam cartas apaixonadas de namoro para as paquitas. O programa pegava um público além dos baixinhos. Tinha uma rotina de shows da Xuxa. Além das paquitas, o programa precisaria das paquititas. Roberta Cipriani – era Xiquitita, Priscila Couto – Catuxita, Tatiana Maranhão – Paquitita, Ana Paula – Pituxita. Tinha rivalidade das paquitas mais velhas com as mais novas. As paquitas mais velhas no documentário reconhecem que deveriam ser mais acolhedoras com as novas. Em alguns momentos saiam algumas paquitas e entravam novas como Letícia Spiller que foi a Pituxa 2 (1989), Catia Paganote que foi a Miuxa, geração Xou da Xuxa 1989. Xuxa e as paquitas começaram a gravar discos musicais e fazer muito sucesso: fazer coros e cantos nos discos da Xuxa. As paquitas começaram a conquistar o seu espaço e participaram do filme de sucesso Sonho de Verão (1990), que eu particularmente adorava. Com o sucesso musical, algumas das paquitas não podiam sair nas ruas. Segundo Serginho Groisman, “um grupo de meninas cantando era uma novidade.”Paquitas chegaram a interagir com os Trapalhões e chegaram a ter uma identidade própria. Foram ao programa do Gugu, Fausto Silva, Hebe Camargo e se promoveu uma indústria de bonecas e objetos. Depois, surgiram os paquitos como Robson Barros que cantavam. Também Marcelo Faustini. O sucesso dos paquitos não era equiparável ao sucesso das paquitas. As paquitas chegaram a fazer apresentações em estádios de futebol lotados, ganhando discos de ouro, platina e duplo de platina. “Mexer com os sonho das meninas era algo muito delicado” dizia Xuxa em relação ao número do candidatas que concorriam às vagas. Tinham as irmãs metralhas que eram duas morenas, algo fora do padrão das paquitas loiras. Mais para a frente o leitor vai notar que teve até paquita negra. A apresentadora Ticiane Pinheiro, esposa do jornalista César Tralli, queria ser paquita, fez o teste mas não conseguiu. Tinham as crianças paquitas, a Monique Siqueira – Miuxa e depois veio a Amanda – a Piquiruxa, que não tinham contrato. As paquitas massacraram a diretora Marlene Mattos, que não quis conceder entrevista, e usava com crueldade as palavras com uma criança: não somente com as crianças, mas também com a paquitas maiores. Marlene era grossa com uma paquita na frente das outras, falando algumas vezes que a paquita estava gordo com o preconceito de gordofobia. Tinha-se por parte de Marlene a exigência de corpo magro.

Em 1990, veio Bianca Rinaldi – Xiquita 2, Juliana Baroni foi a Catuxa 2. Participação das paquitas no filme clássico infanto-juvenil Lua de Cristal (1990), outro filme que adoro. Música Lua de Cristal estourou de sucesso. E teve também o bem sucedido Sonho de Verão (1990), também com Sérgio Mallandro. No documentário retornaram à casa do longa Sonho de Verão (1990) e resgataram o clima de nostalgia. Teve a Flávia Fernandes, a Paquitita 2. As paquitas participavam de diversas seletivas antes de conquistarem a vaga. Às vezes a mesma candidata participava de diversas seletivas, até conquistar a vaga. Tivemos também a tentativa de sequestro de Xuxa Meneghel e a sua paquita Letícia Spiller. O sequestro de Xuxa foi planejado há 5 meses. Episódio fala dos perigos da fama e assédios morais e sexuais dentro da televisão. 

Temos a carreira de Xuxa Meneghel na Argentina e a sua carreira internacional. Os fãs argentinos queriam mostrar que eram mais que o brasileiros. Uma receptividade calorosa. Teve concurso para paquitas em toda a América Latina e até nos Estados Unidos. Os argentinos são muito passionais. Na Argentina tinham 4 paquitas, 2 eram fixas, sendo que todas as paquitas eram loucas para ganhar em dólar. Tinhamos paquitas chilenasm peruanas, bolivianas, do Panamá, Guatemala, entre outros países de fora do Brasil. Letícia Spiller ficou um ano e meio como paquita, depois quis seguir a carreira de atriz. Vale a pena lembrar de sua famosa personagem Babalu, em Quatro por Quatro (1994-1995). 


Foto: Reprodução/ Instagram






Xuxa teve um programa nos Estados Unidos. Lá teve 3 paquitas.Pixies era o nome como eram conhecidas as paquitas por lá e Xuxa pôde ter uma paquita negra por causa de Marlene Mattos não estar na direção do programa. Para Marlene Mattos, as paquitas teriam que ter a aparência que nem a de Xuxa Meneghel. As paquitas que engordassem e não cumprissem as normas de Marlene eram suspensas. Segundo depoimentos do documentários, até as paquitas estrangeiras eram maltratadas por Marlene Mattos e desrespeitadas. Depois de repente aconteceu o fim do Xou da Xuxa depois de sete anos em pleno sucesso. O fim do Xou da Xuxa foi o fim do sonho de várias garotas que eram paquitas, das que queriam se tornar paquitas e fãs. Marlene dizia que o Xou da Xuxa estava sendo copiado em outros países e que tinha que parar em seu auge. 

Criaram um programa chamado Xuxa na Globo que não chegava aos pés do Xou da Xuxa e era vergonhoso. Depois veio o saudoso programa infantil TV Colosso em que paquitas chegaram a cantar músicas temas. Depois veio o Xuxa Park e o Xuxa Hits, que abriu as portas para diversos artistas, como o grupo You Can Dance. 

Fala-se do polêmico livro “ Sonhos de Paquita: Nos bastidores do Xou “ de João Henrique Schiller, ex-diretor do programa. Sua estreia no programa da Xuxa foi em 1986 e foi até a década de 90. A Catu- Ana Paula Guimarães tinha proposto uma peça teatral, Confissões de Paquitas, aos moldes do Confissões de Adolescente que era um sucesso na época . A ideia da peça era mostrar para Marlene Mattos e Xuxa e dizer que tinham um projeto. João foi gravando as confissões ( e a até reclamações sobre Marlene e Xuxa) das paquitas em áudio. Por ter tanto conteúdo nas conversas, se transformou em um livro, um pesadelo e a saída das meninas do grupo das paquitas. João levou crer que as paquitas teriam a peça, iriam a ter filme e iriam até para Hollywood, segundo o depoimento de uma das ex-paquitas no documentário. As paquitas estavam muito cegas em relação às intenções que João tinha com o livro. Chegaram a gravar 100 fitas. Ele escreveu o livro para mostrar o que era ser paquita. Que não era apenas um sonho, tinha uma parte bem pesada e na sua opinião uma criança não deveria passar por isso. A infância de uma criança era roubada e Marlene as tratava como se fossem adultas. Ele esperava que o livro fosse dar um bom retorno e que queria SIM ganhar dinheiro com o livro. 


As paquitas passaram por muito assédio moral durante o trabalho com Xuxa. Para muitas delas na época acreditavam era algo comum na televisão. O documentário mostra as meninas lidando com o seu passado, uma pedindo desculpa para a outra: de Xuxa para as paquitas, como das paquitas para Xuxa. Somente Marlene não deixou seu depoimento. Xuxa ficou impressionada com os documentos em que seu nome e de Marlene estavam envolvidos. Documentos de maus tratos ás paquitas. Muitas paquitas desejavam uma hora deixar o cargo. João não se sente responsável pela demissão das paquitas. Mesmo sem autorização o livro foi lançado e se tornou algo raro no mercado. Os livros foram recolhidos. 


Foto: Globo/ Rafaela Cassiano, Globo/ Beatriz Damy, Globo/Léo Rosario


Tinha até uma falsa notícia ou fake news como se chama hoje: “As paquitas querem destruir a carreira de Xuxa.” No livro, tinham falado mal de Xuxa e ela não aceitou. Houve na televisão uma despedida das oito paquitas, que para uma delas foi um protocolo.30 anos depois as ex-paquitas ficaram frente a frente com Xuxa.Os maus tratos de Marlene deixaram traumas em algumas das ex-paquitas. Marlene Mattos no Clube da Criança na TV Manchete era outra pessoa. Xuxa (ou talvez Marlene) talvez tenham visto as paquitas como produtos e não como seres humanos. 


 Algumas paquitas da Nova Geração de Xuxa Meneghel eram Gisele Delaia, Bárbara Borges, Caren Lima, Andressa Cruz e Grazie Schmitt. Vanessa Melo também estava no grupo. Recebiam os resultados através de telegramas. A proposta agora com as novas paquitas era descontruir o que era antes, com uma nova perfomance. Nova Geração de 1995 não tinha também apenas paquitas loiras. A geração new generation era a mais exigida. Gravaram um novo disco: Nova Geração/ New Generation. Fizeram shows em Salvador e em São Paulo. Conheceram Israel. Quando não se apresentavam faziam seus shows solos como paquitas. Às vezes, dois shows por noite. Adriana Bombom começou a fazer participações nos programas da Xuxa. Se via como uma paquita. Os responsáveis pelo documentário chamam psicólogos que falam de racismo e o negro em evidência. E a oportunidade de Bombom ao lado de um grande ícone da televisão como Xuxa foi um exemplo. Em 1997, além do do Xuxa Park, a TV Globo passou a exibir, nas tardes de sábado, o Planeta Xuxa que era mais dedicado a um público adolescente e tinha uma pegada principalmente de dance e de funk (podendo entrar em outros gêneros). Um momento que a meninas não esquecem foi quando aconteceu um incêndio no Xuxa Park em programa de carnaval. Depois gravaram o Planeta Verão. A sensualização do uniforme das paquitas se tornou um fetiche para o público masculino. As paquitas chegaram a passar vergonha no Programa Livre de Serginho Groisman no SBT e até uma delas no Programa H com Luciano Huck na Band com assédio do público nas platéias. 

Segundo o documentário, Marlene Mattos chegava a dar esporros nos bastidores de gravação com 300 pessoas no estúdio. Com Xuxa e as paquitas. Mas apesar destes poréns o programa era uma magia. 


A relação de Xuxa Meneghel e Marlene Mattos foi se desgastando. A maternidade de Sasha Meneghel fez com que Xuxa tomasse conta de sua vida. Xuxa queria fazer o Planeta Xuxa e um programa infantil na Globo e Marlene não queria fazer um programa infantil pois disse que odeia crianças. Aconteceu o fim dos programas da Xuxa e o fim das paquitas. Xuxa reconhece que falhou com muitas das paquitas, mas principalmente com as últimas. No final deste documentário esclarecedor, temos a reunião com todas as gerações de paquitas. Para quem pôde vivenciar estes momentos na infância: assistir nos cinemas Sonho de Verão e Lua de Cristal, e curtir Xuxa nas telinhas e nas telonas, além de trabalhos na música, é um ótimo entretenimento. É um complemento para o documentário Xuxa, o Documentário (2023), sobre a vida de Xuxa Meneghel.

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