Bate-papo com o jornalista Valmir Costa sobre o livro Repórter Eros.

 


Por Calil Neto 

06 de maio de 2025 

Estou aqui com o querido jornalista e Doutor e mestre em Ciências da Comunicação pela USP, Valmir Costa, que foi meu professor no curso de jornalismo do Mackenzie. Valmir Costa ministrou algumas matérias para a minha turma do Mackenzie, tivemos bons momentos e lembranças, e agora tem um bate-papo com o Blog do Calil Neto. Valmir Costa lança o livro REPÓRTER EROS: A história do jornalismo erótico.

REPÓRTER EROS: A história do jornalismo erótico 

Repórter Eros é uma obra pioneira do jornalista Valmir Costa pela CEPE EDITORA que rastreia a trajetória da imprensa erótica no Brasil desde seus primórdios em 1808. Passa pela pioneira revista Ba-Ta-Clan, de 1867, e pelas publicações contemporâneas à era digital. O autor narra a evolução das revistas que desafiaram tabus sobre moralidade, sexualidade, gênero e enfrentaram a censura. Com foco em temas como machismo, feminismo, racismo, homofobia e LGBTI+, o livro revela como essas publicações incitaram debates socioculturais e influenciaram comportamentos. Uma leitura essencial para entender a complexa relação entre mídia, sexo, censura, seja estatal ou religiosa, na sociedade brasileira.


Calil Neto: De onde veio o interesse pelo jornalismo erótico e o livro? 

Valmir Costa: A ideia veio de uma brincadeira na procura do tema do TCC, que é sempre uma coisa difícil de achar. Depois na disciplina de revista já no final do curso, em 1995, na qual fazíamos análises de revistas. Minha equipe escolheu a revista Sexy. A partir daí percebi que, apesar dessas revistas existirem e um sexo no jornalismo , não havia nada que falasse da história dele. 

Como era difícil de rastrear essa história, fiz projeto de análise de três revistas para revistas masculina, feminina e gay (Sexy, Nova e SuiGeneris). Foi projeto de iniciação científica, depois TCC, que venceu o Prêmio Intercom de Jornalismo na categoria graduação de 1997. 

O tema se desenrolou no mestrado e doutorado na USP… 

Calil Neto: Você chega até em mencionar o polêmico Clodovil Hernandes em sua obra? Qual a importância dele dentro do jornalismo erótico, sem falar que ele era um ótimo estilista se não me engano. 

Valmir Costa: Mais do que as revistas, eu contextualizo a sexualidade nos campos da heterossexualidade e homossexualidade. Também a censura e a questão política de cada período. Clodovil aparece como pessoa que é proibida de aparecer na TV junto com outro estilista, o Denner, por falta de postura "homérica" durante o regime militar. 



 


Calil Neto: Fala-se de um documentário sobre a revista G Magazine no Globoplay. 

Valmir Costa: Rastreio revistas masculinas, femininas e gays. Inclusive, participei da gravação do doc da Globoplay por causa do livro. Devo aparecer uns 30 segundinhos nele. 

Calil Neto: Você acredita que o digital, hoje está tudo digital, acabou com todos estes belíssimos trabalhos envolvendo o erotismo? Ou você acredita que um dia uma Playboy da vida em formato físico pode retornar com toda essa evolução digital? 

Valmir Costa: A Playboy americana deixou de publicar mulher pelada por causa da internet. Posteriormente a brasileira também com a edição com a Luana Piovani na capa. Acho que em 2016. A internet, como falo no livro, acabou com as revistas eróticas, que faziam a junção das fotos de nus com texto jornalístico. A Sexy, por exemplo, excluiu o conteúdo jornalístico e publicou apenas as peladonas. Estas revistas tentaram vida na internet com conteúdo fechado, mas não deu certo. Atualmente, aguarda-se o relançamento da G Magazine. Um grupo de BH comprou a marca dela e de outras revistas e vai tentar ver se sobrevive online. A saber!

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